segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

NOTAS QUARESMAIS – A FÉ SEM ALIMENTO


O grande Rubens Alves pontifica: "A alma se alimenta de coisas que não existem. Coisas que não existem alimentam a beleza e a esperança". 

De acordo. 

Incrível é como procuramos a sobrenaturalidade para fundamentar uma FÉ que existe somente na irracionalidade de nosso conhecimento sobre as coisas de Deus. Não conseguimos alimentar nossa alma com os exemplos terrenos do homem Jesus, revolucionário e denunciador das injustiças praticadas conscientemente pelo homem. Vemos somente o Cristo, invenção da Igreja, que resolve milagrosamente nossas falhas e nos condiciona à falta de liberdade de escolha e ação, tornando-nos crentes em milagres que para consegui-los, estabelecemos um "contrato" de promessa do tipo: Deus conceda-me isso, que prometo fazer isso".

Esta forma tosca de imaginar a FÉ é o que nos faz procurar o concreto no que somente tem sentido na forma de ver a Deus, assim como nos ensina São Paulo: “O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são LOUCURA; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. (1Corintios 2. 13-14)

A quaresma é um tempo propício a reavaliarmos nossa condição de cristãos desvirtuados da essência de Jesus: o serviço; consequência natural de amor ao próximo.

Pensar neste período como aquele em que se pratica o “sacrifício” de abster-se de bebida alcoólica, entendendo estar vivenciando-o, e no mínimo incosequente, posto em seu ápice, a Sexta-Feira da Paixão, empanturrar-se em vinho e galinha à meia noite... 

Ou ainda, imaginar que a Páscoa perpassa por entre o desejo consumista de coloridos ovos enfeitando os corredores mercadológicos de nossa alma desprovida de caridade para com não os nossos, afinal, amar os nossos, até mesma a pior das naturezas também amam... que valor há nisso?

Sem a caridade, nossas orações são vãs, assim como o nosso sentido de FÉ, resumido tão somente a ida dominical a Santa Missa... Pouco, mínimo diante da certeza que a vida nos é dada para grandes coisas.


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